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Elipse


blog O Cinema Sallva, agosto 2021, Elipse

A noção de elipse vem da teoria literária. Chama-se elipse cada vez que uma narrativa omite certos acontecimentos pertencentes à história contada, "saltando" de um acontecimento a outro. É um recurso que exige do espectador imaginação para preencher mentalmente o intervalo entre os acontecimentos e restitua os elos que faltam. Falei sobre esse assunto no nosso podcast O Cinema Sallva:



Os tipos mais comuns de elipses são as breves, também chamadas de mensuráveis, e as indefinidas. As primeiras atuam em relação a uma continuidade espacial, local e virtual. Logo, elas exigem imaginação por parte do espectador. Já as elipses indefinidas são demarcadas no roteiro e acompanhadas por indicações suplementares como uso de cartelas.



(500) Dias com Ela (EUA, 2009), dirigido por Marc Webber, é um exemplo de longa que emprega elipses indefinidas. Através de cartelas animadas por números, o filme emula de maneira não linear os dias quando o protagonista viveu uma paixão por uma garota de quem ele gosta. Nos frames acima, eu selecionei a cena do dia 154.



2001: Uma Odisséia no Espaço (EUA, 1968), com roteiro e direção de Stanley Kubrick, apresenta a maior elipse mensurável da história do cinema: um primata lança um osso para cima e, rodopiando, transforma-se em uma nave espacial. Essa transição ocorre no minuto 25 das duas horas e 39 minutos de duração do longa.



São Paulo Sociedade Anônima (BRA, 1965), escrito e dirigido por Luiz Sergio Person, apresenta uma narrativa não-linear com recorrentes flashbacks. A sequência inicial, por exemplo, tem um desdobramento que nos é revelado apenas no fim do filme. Há, no entanto, algumas elipses bem empregadas. Uma delas é quando o casal discute e separa-se. Após a separação, há um corte mostrando a cidade de São Paulo iluminada, em festa pela corrida de São Silvestre. Assim, a sequência transmite a passagem de tempo e situa o espectador para os acontecimentos de fim de ano do enredo.


blog O Cinema Sallva, agosto 2021, Elipse

Boyhood: Da Infância à Juventude (EUA, 2014),dirigido por Richard Linklater, foi filmado ao longo de 12 anos – um pouco por ano – para captar o real crescimento dos atores. O cronograma preciso do filme não é completamente revelado e as passagens de tempo são suaves, o que torna a experiência de assistir prazerosa para identificar as transições físicas dos personagens. Nos frames acima, por exemplo, eu separei a cena quando o protagonista completa a idade de 15 anos, que é simbolizada por um novo corte de cabelo.


4 Filmes com Elipses Marcantes

blog O Cinema Sallva, agosto 2021, Elipse

1. São Paulo Sociedade Anônima, Luiz Sergio Person (BRA, 1965)

2. 2001: Uma Odisséia no Espaço, Stanley Kubrick (UK-EUA, 1968)

3. (500) Dias com Ela, Marc Webber (EUA, 2009)

4. Boyhood: Da Infância à Juventude, Richard Linklater (EUA, 2014)

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