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Não agradou Maradona.


blog O cinema Sallva, maio 2022, Diego Maradona (UK, 2019)

Diego Maradona (UK, 2019), dirigido por Asif Kapadia, é um documentário que explora a passagem do ídolo argentino pelo Napoli, entre 1984 e 1991, e a aproximação dele com a máfia italiana chamada Camorra.


Durante as Olímpiadas de Londres em 2012, o produtor Paul Martin entrou em contato com Kapadia depois de descobrir imagens de arquivo de Maradona. Primeiro, Martin encontrou uma pessoa em Nápoles, na Itália, que possuía material privado: eram longas horas filmadas de Maradona em 1981 por intermédio de Jorge Cyterszpiler, primeiro agente do ex-craque argentino, que teve a ideia de documentar a vida dele juntamente com outros dois cinegrafistas da Argentina. Em Buenos Aires, Martin conseguiu mais imagens de arquivo na casa da ex-mulher de Maradona, Claudia Villafañe, em um baú intocado por 30 anos.

O conceito do documentário é o mesmo de Amy (UK, 2015), sobre a cantora Amy Winehouse e premiado com o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem em 2016. Em virtude da dificuldade de encontrar uma história de Maradona com começo e fim, Kapadia optou pelo recorte da vida do ídolo argentino apenas em Nápoles replicando a forma adotada em Amy: um vasto material de arquivo, editado com depoimentos (apenas em voz) e cenas das partidas de futebol, treinos e bastidores.

O filme não agradou Maradona, que ficou incomodado com o subtítulo "Rebelde, Herói, Vigarista e Deus". Ele viria a falecer um ano depois, em 25 de novembro de 2020.

A trilha sonora, composta originalmente por Antonio Pinto, está disponível no Spotify e contém 28 músicas.

Abaixo, eu escolhi quatro cenas de Diego Maradona para exemplificar a gramática audiovisual do filme. Há conceitos como inserções e off. As cenas estão estão disponíveis em meu Twitter.

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1) Logo no início do documentário, temos a primeira coletiva de imprensa de Maradona apresentando-se ao Napoli, em julho de 1984. Nesta cena de 1'48'', vemos o momento quando um jornalista é expulso da coletiva ao questionar o então presidente do clube, Corrado Ferlaino, sobre a possibilidade da máfia italiana Camorra ter viabilizado financeiramente a contratação do jogador.


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2) Nesta sequência de 1'23''', diversas imagens de arquivo são utilizadas para ilustrar a relação de Maradona com o assédio do público e da imprensa. O recurso de off é empregado duas vezes: primeiro, a voz do próprio Maradona e a segunda, de Fernando Signorini, personal trainer do ex-craque argentino. Nos dois casos, podemos inferir que o off é não diegético.


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3) Nesta sequência de 1'02'', as inserções de fotos still e o off de Gennaro Montuori, da torcida organizada do Napoli, são utilizados para narrar o estopim do vício em drogas do ex-craque argentino.


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4) O início e a queda de popularidade de Maradona após a Copa da Itália, em 1990, são abordados nesta sequência de 2'20'' com o off de Claudia Villafañe, esposa do ídolo argentino. Após a queda dos donos da casa ante a seleção argentina, Maradona tornou-se figura pública odiada da Itália. Perdendo a final da Copa para a Alemanha, Maradona regressou ao Napoli, onde foi acusado e preso por tráfico de drogas por sua associação à máfia Camorra. O vício do astro é exposto aqui.


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Diego Maradona (UK, 2019)

2h10min

direção Asif Kapadia

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