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Concorreu ao Oscar em 1999.


blog O cinema Sallva, maio 2022, Central do Brasil (BRA, 1998)

Central do Brasil (BRA, 1998), dirigido por Walter Salles, concorreu ao Oscar de 1999 em duas categorias: Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, única brasileira já indicada ao prêmio por uma atuação em língua portuguesa até o momento. Embora não tenha conquistado o Oscar, o filme recebeu diversas premiações como o BAFTA e o Globo de Ouro, ambos na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.


O título do longa, homônimo à estação central de trilhos do Rio de Janeiro, é cenário dos primeiros 20 minutos do enredo, onde Isadora (Fernanda Montenegro) escreve cartas para pessoas analfabetas. O cenário trouxe realismo a diversas cenas. Na sequência inicial, por exemplo, quando vemos pessoas aproximarem-se de Isadora para que ela escreva cartas, algumas delas são pessoas reais, que foram introduzidas ao filme propositalmente pelo diretor.


O filme marca a estreia de Vinícius de Oliveira no cinema. Até então engraxate, ele concorreu com outros 1.500 jovens atores para o papel de Josué.

Abaixo, eu escolhi quatro cenas de Central do Brasil para exemplificar a gramática audiovisual do filme. Há conceitos como decupagem, elipse, melodrama e plano-sequência. As cenas estão disponíveis em meu Twitter.


blog O cinema Sallva, maio 2022, Central do Brasil (BRA, 1998)

1) Nesta sequência de 1'14'', a decupagem é empregada para narrar uma tragédia. Vemos Josué (Vinícius de Oliveira) e a sua mãe, Ana (Soia Lira), de mãos dadas prontos para atravessar a rua. Diversos planos fechados são utilizados para anunciar a tragédia. Consumado o acidente, vemos a reação de diversas pessoas até Josué aproximar-se em estado de choque da mãe já falecida. A sequência ganha lirismo no fim, quando vemos Isadora pegar do chão um lenço branco, conotando uma espécie de "jogar a toalha", expressão para dizer que a pessoa está desistindo de algo.


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2) Nesta sequência de 49'', diversos planos abertos são utilizados na decupagem para mostrar um furto. Um jovem rouba um walkman de um vendedor ambulante na Central do Brasil. Em seguida, ele corre ao passo que a vítima do roubo grita por socorro. A polícia da estação de trem vai atrás do jovem até alcança-lo em um dos trilhos. O chefe da polícia aproxima-se vagarosamente do local e, então, os dois policiais atiram contra o jovem. A cena dos disparos é filmada a partir de dois planos diferentes: o primeiro, americano, sem mostrar a vítima, e o segundo, geral, explorando o cenário. Após os disparos, temos um plano fechado do rosto de Isadora olhando para o lado – conotando que ela não só ouviu os tiros como também sabe quem atirou. No plano final, o chefe da polícia devolve o walkman ao camelô.


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3) Nesta cena de 1'17'', o melodrama é empregado numa situação vulnerável de Isadora. Ela cochila na poltrona do ônibus carregando uma bebida alcóolica. Josué, entediado, pega a garrafa e bebe. Um insert noturno da estrada é usado como elipse. Volta para o ônibus, vemos a garrafa vazia e Josué no fundo do ônibus proferindo palavras ébrias. Os passageiros percebem que a criança está alcoolizada e Isadora intervém.


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4) Neste plano-sequência de 1'03'', a câmera faz um movimento panarômico para enquadrar Josué diante de uma imensa paisagem. Ele anda em direção a Isadora, que está sentada. Juntos eles contemplam a paisagem enquanto conversam. Isadora levanta-se de mãos dadas com Josué e uma nova panarômica é empregada para revelar a paisagem ao fundo do outro lado do quadro.


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Central do Brasil (BRA, 1998)

1h50min

roteiro Marcos Bernstein, João Emanuel Carneiro e Walter Salles

direção Walter Salles

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