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Plano-sequência


blog O cinema Sallva, julho 2021, Plano-Sequência

O crítico francês André Bazin foi um dos criadores da Cahiers du Cinéma, revista sobre cinema editada na França em 1951. Embora não seja autor de nenhum livro, ele escreveu diversas coletâneas de artigos sendo a mais representativa pelas ideias teóricas nela expostas a antologia Qu'est-ce que le cinéma?.


blog O cinema Sallva, julho 2021, Plano-Sequência

Influenciado pelo existencialismo de Sartre, Bazin considerava a arte um esforço psicológico do homem para ultrapassar suas condições reais de existência. Ligando ontologia à história das artes figurativas, ele vê na fotografia um momento essencial para impressão literal do real. Já o cinema era visto como impressão melhorada não apenas do espaço real como de sua duração. A fotografia e o cinema, para o crítico francês, prestam uma homenagem ao mundo tal como ele aparece.


Em razão desse comprometimento com o real, Bazin condena qualquer intervenção, ou manipulação que atentem contra a integridade do real representado, pois são "trapaças" contrárias à natureza do cinema. Isso o leva a abominar a montagem em todos os casos em que sua utilização produzisse um sentido unívoco em detrimento da ambiguidade imanente ao real. Estilos fundados no plano-sequência e na profundidade de campo são os favoritos do crítico francês.



Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock, é notoriamente reconhecido como uma obra predominantemente rodada em plano-sequência. São planos extensos e tão bem decupados que os pontos de corte são quase imperceptíveis em quase 1h20' de duração do longa.



O Jogador (1992), dirigido por Robert Altman, apresenta um impressionante plano-sequência de 8'30'' de duração rodado com gruas logo no início do enrendo.

Essas duas obras ajudam a ilustrar o que de fato é o plano-sequência: um plano longo e articulado para representar o equivalente de uma sequência. Para a reflexão teórica, especialmente sobre a montagem, o plano-sequência causa incômodo, pois se supõe que há montagem no interior de um plano.



Em O Invasor (2002), dirigido por Beto Brant, assim como as obras supracitadas, inicia-se com um plano-sequência com uma diferença: os personagens interagem com a câmera propondo a quebra da quarta parede. O longa reserva outros planos-sequência como este, com a participação do saudoso Sabotage.



O vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, O Segredo de Seus Olhos (2009), de Juan José Campanella, apresenta um aclamado plano-sequência num estádio de futebol em Avellaneda, Argentina. Nos cinco minutos de duração, o plano percorre o espaço usando o recurso de drone, funde-se com a câmera na mão operada a partir da arquibancada e, então, percorre os atores até o fim da ação. Veja aqui o belo trabalho de Campanella.


4 Filmes com Plano-Sequência


blog O cinema Sallva, julho 2021, Plano-Sequência

1. Festim Diabólico, Alfred Hitchcock (EUA, 1948)

2. O Jogador, Robert Altman (EUA, 1992)

3. O Invasor, Beto Brant (BRA, 2002)

4. O Segredo dos Seus Olhos, Juan José Campanella (ARG, 2009)

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